sábado, 22 de abril de 2017

União Fest: 30 anos de “Forças Unidas!”


UNIÃO FEST é muito mais do que um festival de bandas underground e sim um coletivo voltado para homenagear e festejar com pluralidade, a união mundial entre os movimentos punk, hardcore e metal, que vem congregando músicos e público destes estilos musicais há 30 anos.

Três rios turbulentos se encontraram antes de desembocarem num oceano em fúria, contra o ostracismo, a conformação, a omissão e a cultura de massa, que subliminarmente ou não, transforma os seres humanos em consumidores bitolados ou meros escravos do voraz sistema capitalista.

Tradicional Mosh Pit atual com as forças (re) unidas

Calma, não se trata de um prefácio de uma aula de geografia ou sociologia e sim uma abordagem lúdica da união dos movimentos metal, punk e hardcore no mundo, que despontou a partir de meados da década de 80.

Esse fenômeno sociocultural começou a partir do início da década de 80, de forma modesta, ganhou força em 1983 quando a Metallica lançou o lendário Kill ’Em All, que já proseava com a mesclagem de gêneros pesados, herdou incrível poder com o lançamento do SxOxDx e se consolidou em 1987 com o surgimento de diversas bandas denominadas Crossover Thrash.

S.O.D. - United Forces (Live at Budokan 1992), momento histórico, onde Charlie Benante trocou de instrumento com Scott Ian e mandaram ver...

Antropologicamente divagando, este estopim foi eclodido exatamente no ano de 1985, quando um projeto (que logo se transformou em banda) denominado SxOxDx (Stormtroopers of Death) reuniu na mesma época e grupo, músicos que orbitaram nas mais diversas vertentes da música pesada, como o metal e suas infinitas variantes, o punk rock e o hardcore. Não cabe aqui destrinchar a profundidade dessa letra (confira no link: https://genius.com/Stormtroopers-of-death-united-forces-lyrics), mas no mínimo cabe ressaltar a última frase, que em tradução livre denota claramente o exposto acima. “Forças unidas não podem ser paradas”.

A faixa 6 de Speak English or Die revolucionou o underground

Complexo racionalizar e pontuar como uma singela música se transformou na semente que uniu os veios do metal, do punk e do hardcore e que definitivamente rachou aquele retrógado jargão da época, onde show de cabeludo era show de cabeludo e show de careca era show de careca.

A frase que fecha o parágrafo anterior era uma espécie de “neologismo sectário”, que isolava as tribos que buscavam as mesmas emoções (som pesado na veia) e com propósitos similares, ou seja, contrapor a cultura ocidental neoliberalista, que customiza todo o comportamento de uma sociedade contemporânea dissonante, apenas para que seus membros sejam mediocrizados e transmutados catatonicamente em consumidores, contribuintes, eleitores ou simplesmente em elos de uma engrenagem vil, fascista e opressora, que compõe o sistema social vigente e preponderante em nosso planeta, onde a elite é potencializada e os humildes escravizados.

O NÃO rotundo, invisível e insonoro à mecânica do capital, que sempre habitou o inconsciente coletivo de quem não se omitiu, não se corrompeu ou não se conformou com esta desigualdade social (e econômica), tornou-se um elo de interseção entre as tribos do metal, do punk e do hardcore, para mostrar que o flibusteiro “Big Brother” está engabelando dia a dia, as pessoas e fazendo reinar sua conduta nefasta, que manipula as ações e sentimentos e sempre focado em proliferar o dinheiro e oprimir a felicidade.

Prestigie este evento que celebrará a união entre as mais diversas vertentes da música pesada, com shows das bandas Eutha, Insalubre, Velhos Punks, Deadpan, Marreta e Insurgentes, além de diversas atividades comunitárias: feira do vinil, mostra fotográfica, alimentação vegana, merchandising das bandas e debate sobre o panorama atual da cena.




A banda EUTHA foi formada no ano de 1992 em São José (SC). As letras são cantadas em português e o som mescla elementos que orbitam entre o hardcore, punk rock, metal e também com influências de rap e grind. Composta por Marcelo Mancha (vocal e baixo) Heráclito Maia (percussão e vocal), Jean Martins (guitarra e vocal) e Johnny Deluti (bateria).

Eutha - Por Perto




O INSALUBRE surgiu em São José, em outubro de 2013. O som é um Hardcore brutal e sem frescuras, muito bem elaborado, com letras que abordam de forma crítica, os temas políticos e sociais da sociedade. O grupo é formado por Marcio Pandolfi (vocal); Ricardo Ulrich (guitarra e vocal); Ronaldo Nouals (baixo) e Murilo Barbarian (bateria).

Insalubre - Massa de Manobra




Os VELHOS PUNKS se formaram em 2014 por Muri (guitarra), Braga (baixo) e Calvin T (bateria), oriundos de bandas punk dos anos 80 e 90, para tocarem versões despretensiosas dos clássicos do punk. Em 2015 ganharam o reforço de Bonnie nos vocais e começaram a compor suas músicas próprias, como "Judas" e "Minha mãe é uma fascista louca".

 Velhos Punks ao ar livre na frente do Taliesyn Rock Bar




DEADPAN é um power trio com sonoridade influenciada pelo Death Metal e composto por Gustavo Novloski (vocal e guitarra), Anderson Biko (baixo) e Igor Thiesen (bateria). Formada em 2011, mas interrompida por situações pessoais, a banda retornou em 2014 apoiada na filosofia “Do-it-yourself”. Em 2015 lançou seu álbum debut, “In Aliens We Trust”.

Deadpan - Life Olympic Games




Da roda do bar para o moshpit, assim nasceu a MARRETA que foi criada em Florianópolis no ano de 2015. O resultado foi o combustível criativo para as músicas da banda, que abordam o nosso panorama político, econômico, social e cultural. Formada por Felix Sebastian (vocal), Ricardo Rocha (guitarra), Cassiano Oliveira (baixo) e Cassio Casarin (bateria).

Marreta - Por Siempre





Os INSURGENTES execram de forma sincera e contundente a omissão e a conformação da humanidade, frente todas as suas adversidades e seguem o seu destino com uma atitude isenta de radicalismos ou frescuras. A formação atual conta com Edson Olivera (vocal); Nicholas di Lucia (guitarra); Paulo Eduardo (baixo e vocal) e Leonardo Martins (bateria).

Insurgentes - Todas Palavras